domingo, 12 de maio de 2013

Ovários Policisticos.


Você e seu companheiro já fizeram de tudo: calcularam seu período fértil, mantiveram relações diárias e até apelaram para reza e simpatias. Mas a cegonha teima em não aparecer. Em quase um ano de tentativas, sua menstruação atrasou algumas vezes, aumentando a ansiedade do casal. Quando tudo indica que o pequeno chegará, a ultrassonografia revela que o que habita o seu corpo não é um lindo bebezinho, mas algumas dezenas de cistos!

 A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. Além de sintomas como irregularidade menstrual, aumento de peso, crescimento de pelos e aparecimento de acnes, ela é responsável por cerca de 30% dos casos de infertilidade feminina. Mas a disfunção tem cura, e os resultados são animadores.

 A SOP, também conhecida como Síndrome Stein Leventhal (nome de seus descobridores), se caracteriza por uma produção maior de hormônios masculinos – os andrógenos – e pelo aparecimento de cistos (folículos ovarianos que não arrebentaram para expelirem o óvulo). Muito comum na puberdade, a disfunção pode perdurar até a menopausa. A má notícia para quem sonha com a maternidade é que esse desequilíbrio hormonal impede ou desregula a ovulação, interferindo na fertilidade feminina.

O tratamento associado de medicamentos, atividades físicas e alimentação saudável proporcionam resultados bem mais favoráveis

 Ainda que não se saiba com certeza por que a doença se desenvolve, na maioria dos casos, a síndrome está associada à produção excessiva de insulina pelo corpo. “Alguns organismos são resistentes à insulina, pois não conseguem metabolizar o açúcar e equilibrar a glicemia (teor de açúcar no sangue) com a produção normal de insulina. Com isso, há um aumento da produção desse hormônio, impedindo o hormônio LH (luteinizante) de induzir a ovulação”, explica Edilson da Costa Ogeda, ginecologista e obstetra do Hospital Samaritano de São Paulo. É esta elevação da insulina que leva a uma maior produção de hormônios masculinos pelos ovários – responsáveis pela não ruptura dos folículos.

 Buscando o diagnóstico

 Quem sofre com a síndrome sabe bem que além das mudanças internas (irregularidade menstrual e distúrbios da ovulação), as transformações externas são visíveis e, quase sempre, incômodas. “Os sintomas mais comuns de quem sofre com ovários policísticos são: aumento de peso (devido à maior produção de insulina), de pêlos e acne, queda de cabelos e maior oleosidade da pele”, revela Edilson. São estas transformações que ajudam os especialistas a detectarem a disfunção já no exame clínico.

Alguns exames laboratoriais como a ultra-sonografia transvaginal e a dosagem hormonal confirmam o diagnóstico com mais precisão. “Enquanto o primeiro revela ovários aumentados de volume em virtude dos múltiplos microcistos, no segundo são observadas alterações dos hormônios da hipófise (FSH e LH) e da insulina”, conta Edilson. Agora, um alerta: qualquer mulher pode ter um ou mais cistos nos ovários, sem necessariamente ser portadora da síndrome. É que algumas mulheres podem vir a ter alterações no controle da função ovariana que as fazem produzir esses cistos. Mas eles não trazem nenhuma mudança ao corpo.

Pílulas, exercícios e dieta

 Ainda que a síndrome não tenha cura, o tratamento pode eliminar os sintomas estéticos indesejados e devolver à mulher o sonho da maternidade. Ele costuma variar de paciente para paciente, de acordo com a idade e os sintomas sentidos. Quando a paciente é nova e não pretende engravidar, por exemplo, a melhor opção é o uso do anticoncepcional oral. Ele impede a ação da testosterona (hormônio masculino) que leva ao aumento da acne e de pêlos.

Em qualquer idade, a prática regular de exercícios físicos é exigida pelos especialistas, pois a obesidade favorece o aparecimento da síndrome. “Trata-se de um ciclo vicioso. Por se tratar de um hormônio anabólico, o aumento da produção de insulina induz ao acúmulo de gordura que, por sua vez, aumenta a conversão de hormônios femininos em masculinos, interferindo na ovulação”, explica o ginecologista.

 Além disso, está comprovado que mulheres obesas com ovários policísticos têm maiores riscos de desenvolver diabetes e hipertensão arterial. Por esse motivo, aliada aos exercícios físicos, uma dieta saudável e equilibrada é fundamental. “Muitas mulheres portadoras da disfunção podem ter alterações do colesterol, triglicérides e da própria glicemia. Por isso, o tratamento associado de medicamentos, atividades físicas e alimentação saudável proporcionam resultados bem mais favoráveis”, indica Edilson.

Nenhum comentário:

Postar um comentário